O imprevisível e expansivo mundo do cinema trouxe uma inusitada surpresa em 2018: protagonizado por personagens coadjuvantes do universo do Homem-Aranha, Venom chegou às telonas e se tornou uma das franquias mais consistentes do Universo Marvel. 2021 trouxe Venom: Tempo de Carnificina, consolidando os personagens - que passaram a integrar o multiverso. Agora, 2024 traz a conclusão da trilogia estrelada por Tom Hardy.
Com direção de Kelly Marcel, que assina o roteiro ao lado de Tom Hardy, Venom: A Última Rodada encontra Eddie Brock (Hardy) no ponto em que o vimos pela última vez no cinema: um bar, no México, em outro universo. Depois dos acontecimentos de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (2021), Eddie e Venom são devolvidos para seu universo, onde ainda são considerados foragidos. Enquanto buscam uma forma de limpar o nome de Eddie, a dupla passa a ser perseguida por uma criatura letal enviada pelo criador dos simbiontes, Knull (Andy Serkis).
Em A Última Rodada, a trilogia Venom assume sua identidade cômica e se apoia quase que exclusivamente no relacionamento de Eddie e Venom. Aqui, Eddie já se acostumou com seu passageiro sombrio, uma voz da consciência não muito consciente, que aprecia a beleza do planeta que passou a chamar de lar ao mesmo tempo em que aterroriza sua comida - seres humanos - antes das refeições. Venom adora animais e odeia homens maus, e Eddie segue em sua missão de tentar domesticar essa força ancestral que lhe oferece dores de cabeça e poderes sobre humanos. O buddy cop dá espaço a um verdadeiro romcom, com direito à montagens e declarações de amor.
O filme apresenta outros personagens que compõem o cenário para contar as aventuras de Eddie e Venom: a Dra. Payne (Juno Temple), que mantém um laboratório lotado de simbiontes na lendária Área 51; Chiwetel Ejiofor aparece como o militar genérico Rex Strickland. A Senhora Chen (Peggy Lu) rouba a cena em sua breve aparição, e a família hippie liderada por Rhys Ifans também é um divertido destaque do longa.
A verdade é que A Última Rodada é um filme sem consequências. Essa versão de Eddie Brock e Venom é completamente divorciada da tradicional rivalidade com o Homem-Aranha, ligada ao restante do multiverso por uma piada e um cameo. É possível que alguns acontecimentos aqui sejam utilizados para explicar o roteiro de futuros capítulos do multiverso cinematográfico que a Marvel insiste em construir, mas Venom é uma trilogia que existe sozinha e pode ser apreciada desta forma. Você não precisa assistir outros 20 filmes para entender Venom. Se apenas estiver em busca de algumas horas de diversão sem compromisso, não precisa nem assistir aos capítulos anteriores da trilogia. Como comédia, ação e sci-fi, Venom se sustenta sozinho.
Com modestos 1h49min de projeção, Venom: A Última Rodada encerra a parceria entre Eddie e Venom de forma divertida e estranhamente emocionante, destacando as melhores partes desta inusitada saga. É um bom investimento de tempo para quem se apaixonou pela dupla.
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