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"Thor: Amor e Trovão" (2022)



Em Thor: Ragnarok, Taika Waititi conseguiu revitalizar personagens cujo potencial nunca havia sido de fato alcançado. Enquanto o primeiro longa-metragem da franquia serviu como uma eficiente introdução um quem-é-quem nessa trama, Mundo Sombrio foi um belo desperdício de recursos e talentos, merecendo seu lugar como um dos piores filmes de super-herói produzidos na contemporaneidade. Então veio Ragnarok, um presente embrulhado em cores e sons, um sopro de vida para uma franquia que frequentemente era estrangulada em serviço da “história maior”. Thor: Amor e Trovão chega aos cinemas com o peso da expectativa – e do Universo Cinematográfico da Marvel – nos ombros. Infelizmente, nem tudo são amores neste novo capítulo solo do personagem.


Dirigido por Waititi, que também assina o roteiro ao lado de Jennifer Kaytin Robinson, Thor: Amor e Trovão acompanha o personagem-título (Chris Hemsworth) em sua empreitada contra Gorr, o Carniceiro de Deuses (Christian Bale), um ex-devoto que jurou aniquilar todos os deuses do universo. Nesta missão Thor tem a ajuda de Korg (Taika Waititi), Valquíria (Tessa Thompson) e Jane Foster (Natalie Portman), que se tornou a Poderosa Thor.


Amor e Trovão faz um visível esforço para repetir o sucesso de seu antecessor. Adotando a mesma estética e uma trilha sonora repleta de sucessos dos anos 80, o filme resgata principalmente o humor de Ragnarok, se excedendo um pouco em alguns momentos. Algumas piadas se arrastam além do timing e, em mais de uma sequência, momentos dramáticos são esgotados pelo humor que permeia todos os minutos da narrativa.


Gorr é mais uma adição ao longo inventário de vilões esquecíeis da Marvel. Qualquer impressão duradoura que o Carniceiro de Deuses deixe deverá ser creditada ao seu intérprete, não ao roteiro, que também falha com a Poderosa Thor e Valquíria. Resumindo, Thor: Amor e Trovão é um excelente filme sobre Thor – e mais ninguém.


Alguns dos pontos fracos de Amor e Trovão também são pontos fortes, especialmente quando se trata do humor. Os malabarismos de Zeus (Russell Crowe) nunca se esgotam e as cabras – vindas diretamente da mitologia nórdica – não falham em gerar risos. A recorrente esquete envolvendo o machado Stormbreaker também entra nesta lista.


Apesar de seus muitos defeitos, Thor: Amor e Trovão oferece uma boa opção de entretenimento por 1h e 59 minutos. Certamente irá ativar a nostalgia dos fãs mais antigos. Porém, sendo Amor e Trovão o segundo lançamento deste universo cinematográfico em 2022 (o primeiro foi Doutor Estranho no Multiverso da Loucura), fica cada vez mais difícil vislumbrar o caminho que pretende-se percorrer no futuro.


O panteão de deuses antigos é vasto o suficiente para manter o deus do trovão ocupado por décadas, mas até onde este universo consegue seguir depois de revelar suas origens, seus paralelos e suas divindades? Um universo que expandiu tanto parece ser incapaz de voltar a produzir histórias contidas. O que fazer quando todos os seus capítulos precisam incluir acontecimentos tão grandiosos quanto o Big Bang para despertar interesse?



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