Autor de peças como Tudo de novo no front e Marlene Dietrich - As Pernas do Século, o dramaturgo Aimar Labaki estreia na direção de longas com Cordialmente Teus, que investiga o passado, o presente e o futuro do Brasil, e traz no elenco Miriam Mehler, Mawusi Tulani, Debora Duboc, Marcos Breda, Agnes Zuliani, Thaia Perez, Taty Godoi, Clovys Torres e Liz Reis, que também assina como produtora do filme, ao lado de Ricardo Aidar. O filme chega aos cinemas em 22 de setembro.
Dez histórias situadas em diversos momentos (1972, 1999, 1550, 2083, 1891, 2012, 1618) tratam de forma poética e humorada situações cotidianas de um país onde a cidadania está sempre por ser construída. No presente pandêmico, uma mulher questiona sua dívida num banco. Num passado remoto, um português tenta transformar um índio em seu aliado. Entre essas duas pontas, escravos se revoltam, judeus honram suas tradições em segredo para não serem pegos pela Inquisição, e guerrilheiros planejam o sequestro de um embaixador. No futuro, a violência se perpetua.
Liz interpreta a personagem Antonia, num segmento situado em 1891, e para ela, como atriz, foi uma experiência ímpar fazer uma figura de época. "Quando o Aimar me disse que eu faria Antônia, eu confesso que tive medo, mas os ensaios e principalmente a dedicação do Aimar e seu talento em dirigir com tanta delicadeza e maestria arrancou rapidamente a angustia e foi um imenso prazer fazer Antônia."
Ela também conta que foi fundamental o trabalho com a figurinista Anne Cerutti, e o preparador corporal Beto Amorim, além da parceria com Clovys Torres, seu colega em cena. "Foi um encontro muito especial, pois eu já o admirava em sua trajetória de artista, mas eu diria que deu match em cena, nossa sintonia e olhares nos conectavam e estávamos ali um para apoiar o outro, encontrei um ator maravilhoso e um amigo pra vida."
Cordialmente Teus nasceu de uma iniciativa da própria Liz, que ao fazer uma oficina de roteiro com Aimar Labaki, se interessou em ler os textos dele para longa-metragem. "E foi ai que eu o convidei a embarcar neste desafio de dirigir minha primeira ficção junto com a Canal Azul e minha produtora Lep Filmes. Como produtora, tive muita sorte de ter parceiros incríveis e mesmo com um orçamento tão apertado, conseguimos realizar um filme com muita qualidade pois envolvia amor e dedicação de todos."
Liz confessa que foi um grande desafio o trabalho duplo em Cordialmente Teus, especialmente quando se deparou com uma Pandemia a poucos dias de começar as filmagens. "Foi muito difícil remanejar gastos, incluir gastos pandêmicos, decidir a hora de voltar e ter que me dedicar a minha personagem. Mas eu tinha um time de artistas e técnicos muito especiais, apesar de cada minuto estar preocupada com os protocolos de segurança para não colocarmos ninguém em risco, e com o orçamento, eu não poderia ter escolhido um diretor melhor."
Na equipe artística, o longa tem Jacob Solitrenick (Menina que Matou os Pais), na direção de fotografia; Ana Rita Bueno (O Pai de Rita), na direção de arte; e Anne Cerutti, no figurino. A montagem é assinada por Pedro Jorge (A navalha do avô).
Sinopse
Dez histórias ou uma só. Dez momentos na linha do tempo: 1972, 1999, 1550, 2083, 1891, 2012, 1618 - e uma mesma realidade: a violência dando a cara final às relações no Brasil. Uma revolta de escravos numa fazenda de café, a tortura de um índio, o sequestro de um embaixador, judeus se escondendo da Inquisição, uma torturada que revê seu torturador na plateia para a qual conta o crime cometido por ele, pai e filho conversando durante a Segunda Guerra, uma viúva que perdeu tudo na Encilhada e é forçada a se casar e perder a liberdade.
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